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Nova Classificação de Manejo Agrícola: O Que Muda Para o Seguro Rural?

14/07/2025 Seguro Agrícola Crédito Rural Manejo do Solo Notícias
Nova Classificação de Manejo Agrícola: O Que Muda Para o Seguro Rural?

Em julho de 2025, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) publicou a Instrução Normativa SPA/MAPA nº 2/2025, que estabelece um novo marco regulatório para a classificação de áreas agrícolas por nível de manejo dentro do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). A normativa cria oficialmente o ZarcNM (Zoneamento Agrícola de Risco Climático em Níveis de Manejo), que passa a classificar áreas produtivas em quatro níveis técnicos (NM1 a NM4) com base em indicadores agronômicos e ambientais.

A inovação representa um passo decisivo rumo à agricultura sustentável, rastreável e tecnicamente qualificada. E, para o mercado de seguro agrícola, os efeitos podem ser profundos — especialmente em relação ao acesso à subvenção, à precificação de risco e à elegibilidade a crédito rural.

O Que é o ZarcNM?

O ZarcNM é uma extensão do tradicional Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), agora incorporando variáveis de manejo agronômico para caracterizar tecnicamente cada talhão de cultivo. Essa classificação considera elementos como:

- Saturação de bases e por alumínio

- Teor de cálcio no solo

- Tempo sem revolvimento do solo

- Cobertura com palhada

- Diversidade de cultivos

Cada talhão será ranqueado entre NM1 (mais baixo) e NM4 (mais alto) com base na média dos indicadores. Contudo, falhas em certos critérios levam ao rebaixamento automático, mesmo com nota média superior.

Primeira Aplicação: Soja

A normativa começa com foco na cultura da soja, mas prevê expansão para outras culturas agrícolas conforme novas metodologias forem desenvolvidas pela Embrapa.

O Que Muda Para o Seguro Agrícola?

A nova classificação pode representar uma mudança de paradigma para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) e para as seguradoras. Veja os principais impactos esperados:

1. Classificação Técnica Para Risco Agrícola

Com a adoção do ZarcNM, o seguro agrícola poderá deixar de usar apenas critérios climáticos e regionais para análise de risco e passar a incorporar critérios de manejo efetivo da área. Isso abre espaço para:

- Tarifas diferenciadas por nível de manejo

- Maior precisão atuarial

- Identificação de áreas mais ou menos resilientes

2. Critério de Elegibilidade Para Subvenção

A norma prevê que a classificação NM poderá ser adotada como critério para acesso ao PSR e ao crédito do Plano Safra. Ou seja, produtores com manejo inadequado (ex: NM1) poderão não ser contemplados com subvenção, enquanto quem alcança NM4 pode receber vantagens como:

- Maior cobertura

- Taxas reduzidas

- Prioridade em programas de fomento

3. Estímulo à Melhoria de Práticas Agrícolas

Ao atrelar a qualidade do manejo ao acesso a seguro e crédito, a norma atua como incentivo à adoção de boas práticas agrícolas, promovendo:

- Maior resiliência produtiva

- Conservação do solo e da água

- Sustentabilidade a longo prazo

Rastreabilidade e Transparência: Um Novo Patamar

Outro diferencial da normativa é a exigência de dados auditáveis. Toda a classificação deve estar registrada no Sistema de Informações de Níveis de Manejo (SINM), e cada amostra de solo precisa conter:

- Identificação única

- Coordenadas geográficas

- QR code para rastreabilidade

- Registro digital validado

Essas exigências trazem segurança jurídica, técnica e financeira para seguradoras, governo e produtores.

Desafios e Oportunidades

Desafios:

- Produtores e técnicos precisarão se capacitar para adequação aos novos padrões.

- A coleta e validação dos dados exigem investimento em laboratórios, sensores e sistemas.

Oportunidades:

- Ampliação de mercado para empresas de análise de solo, geoprocessamento e sensoriamento remoto.

- Melhoria dos dados técnicos para seguradoras, cooperativas e agentes financeiros.

- Maior confiabilidade nas apólices de seguro e menor índice de sinistralidade.

Conclusão

A Instrução Normativa nº 2/2025 é um marco que aproxima o seguro agrícola da realidade de campo. Com a classificação técnica das áreas por manejo, as seguradoras poderão oferecer produtos mais personalizados e justos, e o Estado poderá direcionar melhor seus incentivos e recursos.

Para os produtores, o recado é claro: investir em boas práticas agrícolas deixará de ser apenas uma questão agronômica e passará a ser também uma condição estratégica para acessar crédito e proteção financeira.